terça-feira, 17 de maio de 2011

Policiais de unidades pacificadoras vão usar armas não-letais

Governador recebeu a primeira arma taser de uma remessa de 315 equipamentos doados pelo Governo Federal



Foto: Marino Azevedo






O governador Sérgio Cabral, acompanhado do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, inaugurou, nesta terça-feira (17/05), a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do complexo de São Carlos, a 17ª do estado do Rio. A unidade, instalada ao lado de uma casa que serviu de enfermaria do tráfico de drogas, na Rua Ademar Barcelos, na localidade de Chuveirinho, no Morro de São Carlos, atenderá também as comunidades da Mineira, Zinco e Querosene. O governador destacou a chegada da paz em uma região que protagonizou, durante muitos anos, cenas de violência e terror para moradores e vizinhanças.
– Estamos vivenciando mais um momento histórico da cidade do Rio de Janeiro: a recuperação de comunidades de uma região tão significativa na história da capital do estado. Esta é uma região que guarda momentos importantes da história do povo brasileiro e que, durante mais de quatro décadas, esteve nas mãos de marginais que faziam das famílias que aqui moravam reféns de situações de risco e que certamente essas famílias têm em suas memórias momentos de muita dificuldade com seus entes queridos, com seus vizinhos, com seus amigos – afirmou Cabral.
Como forma de apoiar a política do Governo do Estado de aumentar o emprego de armas não letais nas diligências policiais, especialmente nas comunidades pacificadas, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e a secretária-nacional de Segurança Pública, Regina Miki, entregaram, durante a cerimônia de inauguração, uma arma não-letal chamada taser ao governador Sérgio Cabral. O ato simboliza a doação da primeira remessa de 315 desses equipamentos para o Estado do Rio, o primeiro a ser contemplado no país, dentro do Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania (Pronasci).
–Vim aqui, recentemente, para lançar a campanha do Desarmamento, da qual o Governo do Estado do Rio de Janeiro é um grande aliado, mas hoje estou aqui para entregar uma arma diferente, a taser, que não mata, que muda as concepções de segurança pública, de policiamento, que muda a ideia de que matar é a meta da atividade policial – conceituou o ministro.
A taser libera um choque elétrico que paralisa os músculos de quem recebe a carga, imobilizando o agressor sem colocar a vida dele em risco. O equipamento é indicado para conter quem está em estado de fúria ou sob efeito de bebidas alcoólicas e drogas e já é usado em mais de 40 países, entre eles França, Inglaterra, Estados Unidos, e Austrália. Segundo o ministro, mais armas deste e de outros tipos serão doadas à polícia do Rio de Janeiro nos próximos anos.
Agentes da Força Nacional de Segurança Pública vão ajudar a polícia do estado a capacitar os policiais fluminenses. No caso das UPPs, especialistas do Batalhão de Operações Especiais (Bope) estão treinando os policiais dessas unidades, no Batalhão de Choque, sobre a maneira correta de manuseio dessas armas e de abordagem de suspeitos, segundo informou o coordenador geral das UPPs, coronel Robson Rodrigues.
O ministro elogiou o êxito da política de segurança do estado de uma forma geral, mas destacou em especial a criação e implementação do programa de pacificação de comunidades deflagradas pela violência imposta por marginais. Um processo, segundo ele, tão vitorioso que está sendo exportado para outros estados e até países.
– Hoje, temos recebido no Ministério da Justiça várias solicitações de outros países para conhecer a experiência do Rio de Janeiro, para saber como se deu esta conquista de territórios voltada à paz – afirmou Cardozo.



Efetivo da UPP de São Carlos tem o maior contingente feminino


A UPP de São Carlos tem uma diferencial em relação às demais unidades instaladas: a expressiva presença de mulheres. São 51 policiais, o que representa um terço do efetivo de 240 profissionais, sob comando do capitão Luiz Piedade, de 36 anos. Segundo o coronel Robson Rodrigues, o plano é redistribuir o contingente de mulheres da Polícia Militar por todas as unidades pacificadoras.
Para o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, a presença das mulheres na polícia é altamente positiva, como tem se mostrado nos mais diversos setores da atividade humana. Ele pretende incentivar, cada vez mais, a participação feminina nos quadros das polícias Militar e Civil fluminenses.
– A presença da mulher é um presente. A experiência que se tem, em qualquer atividade, da mulher é fantástica. Na UPP não é diferente. Temos vários pedidos para que mais mulheres atuem, não só nas UPPs, mas em qualquer outra área da segurança. Acredito, inclusive, que a presença delas irá colaborar para que tenhamos mais mulheres em outros setores do estado – disse o secretário, garantindo que elas fazem o mesmo trabalho que os homens e, às vezes, com mais eficiência.
Para o comandante da UPP do São Carlos, o número expressivo de policiais mulheres o ajudará a alcançar o objetivo de interação plena com a comunidade, uma das suas principais metas no comando da unidade. Ele acha que as mulheres facilitam o contato com moradores, ainda mais no caso do complexo de São Carlos, que conviveu, por muito tempo, com conflitos violentos entre policiais e bandidos. Mas, de modo geral, segundo ele, a receptividade tem sido muito boa.
– Meu objetivo é trabalhar não apenas prestando serviço de segurança, mas também em outras áreas, como saúde e esportes. Nesse sentido, a presença das mulheres vai ajudar muito, porque as pessoas da comunidade se sentem mais confiantes nas abordagens do que com os homens. É importante ressaltar, também, que a população pode ajudar muito no trabalho de construção de sua própria segurança. Não pretendemos acabar de vez com o tráfico de drogas, mas vamos combatê-lo e, para isso, precisamos da ajuda dos moradores com informações – disse o capitão Luiz Piedade.
Há 11 anos na Polícia Militar, o capitão estava lotado no 38º Batalhão (Três Rios) antes de ser indicado para comandar a UPP de São Carlos, onde atuou no início de carreira, quando integrava o 1º Batalhão (Estácio), responsável pelo complexo de favelas que inclui, além do São Carlos, Zinco, Querosene, Mineira, Coroa, Fallet, Fogueteiro, Escondidinho e Prazeres.
A nova UPP vai beneficiar diretamente 26 mil pessoas. Se forem levados em consideração os moradores dos bairros ao redor, são 520 mil pessoas beneficiadas.
Também estavam presentes à solenidade o secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Rodrigo Neves, o comandante geral da PM, Mário Sérgio Duarte, o secretário municipal de Conservação e Serviços, Carlos Roberto Osório, e o presidente do Instituto Pereira Passos e coordenador do Programa UPP Social, Ricardo Henriques, entre outros.

Fonte: Notícias do Governo do Estado
                                                           Por: Guedes de Freitas 

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