quarta-feira, 29 de junho de 2011

Estado cria nova forma de pacificação no Morro Azul


Segundo o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, a ideia é uma boa alternativa às UPPs

                                                           Foto: Rogério Santana
            

Ao inaugurar, na manhã desta quarta-feira (29/6), a sede de um posto de policiamento ostensivo, no Morro Azul, no Flamengo, Zona Sul do Rio, para realizar o patrulhamento na área 24 horas por dia, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, destacou que o Estado do Rio ganhou uma nova forma de ocupar e pacificar comunidades dominadas por bandidos. Segundo ele, a idéia de descentralizar parte de um batalhão da Polícia Militar, no caso o 2º BPM, de Botafogo, sediá-la numa comunidade carente de médio e pequeno portes e aglutinar apoio direto de instituições públicas e privadas, como Guarda Municipal, delegacias da área, Firjan, igrejas e os próprios moradores é uma alternativa às Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio de Janeiro.
- Pode ser um exemplo. A UPP não é, por si só, a solução de todos os problemas. Ela é um projeto que tem lugares e condições específicas para se instalar. Não é o caso do Morro Azul, onde a comunidade juntou forças e conseguiu uma resposta fantástica. Tomara que seja copiada por outros bairros da nossa cidade e do nosso estado – sugeriu Beltrame.
A 2ª Companhia Destacada do 2º BPM terá um efetivo de 90 policiais e seis viaturas para cuidar da segurança nos bairros do Flamengo, Catete, Glória, Laranjeiras e Cosme Velho. Segundo o comandante do batalhão, coronel Antônio Henrique da Silva Oliveira, autor da idéia, o restante da tropa, em torno de 396, vai cuidar da parte administrativa da sede na Rua São Clemente e policiar os bairros de Botafogo, Urca e Humaitá. Segundo ele, o objetivo é agilizar o atendimento das ocorrências.
– É uma forma diferenciada de ocupar o morro. Com a companhia destacada aqui podemos não só fazer o policiamento ostensivo em si como trazer a presença do comando para junto da comunidade. Um oficial vai permanecer aqui todos os dias para uma aproximação maior com os moradores, passar confiança à comunidade e ao entorno, além de servir de veículo para os anseios e reivindicações das pessoas junto às instituições públicas e privadas – argumentou o comandante do 2º BPM.


Moradores satisfeitos

As donas de casa Irene Barcellos e Nair Ribeiro, moradoras há muito anos do Morro Azul, eram a imagem da satisfação e do alívio que a comunidade de 3,5 mil habitantes vive hoje em dia, depois da ocupação policial no fim do ano passado, quando a bandidagem foi expulsa do lugar. E com a companhia destacada instalada no terceiro andar de um prédio cedido pela Prefeitura do Rio, na Rua Paulo VI, e reformado pelo batalhão, as moradoras prevêem uma tranqüilidade ainda maior.
Como confirmou o presidente da Associação de Moradores do Morro Azul, José Rodrigues da Silva. Ele chegou a ficar emocionado durante a solenidade ao falar dos tempos de violência anteriores, lembrando inclusive do último assassinato, antes da ocupação, de um rapaz da comunidade por traficantes nos braços da mãe, alegando que ele não pagara dívida com a quadrilha.
– A ocupação é um divisor de águas na comunidade. Tivemos décadas de crueldade, escárnio, de humilhação, de assassinatos. Hoje vivemos momentos de paz e de alegria. Falta-nos até palavras para definir a satisfação da comunidade com a presença da polícia aqui. A imagem dela dentro da comunidade é maravilhosa, o entrosamento com o batalhão está muito bom – enalteceu Rodrigues.
O presidente da associação disse que a expulsão dos bandidos do Morro Azul foi facilitada pelo fato, atípico em relação a outros lugares do Rio, de que os bandidos que traficavam e dominavam a comunidade vieram de fora. Por isso, lembra o líder comunitário, a decisão de a polícia ocupar o morro foi feita em conjunto pelo comando do 2º BPM e os moradores.


Projetos sociais a serviço da comunidade

Assim como a Paróquia Santíssima Trindade, do Flamengo, que criou e cuida de uma creche na comunidade, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) inaugurou hoje a quarta Indústria do Conhecimento, um programa que o Sesi implanta em comunidades carentes. Na do Morro Azul, instalada nos dois primeiros andares do prédio da prefeitura, reformados pela instituição, há uma biblioteca, salas com 10 computadores com acesso à internet e 24 lugares para leitura, pesquisa e estudos a serviço da comunidade. Há núcleos do programa no Andaraí, Cidade de Deus e Providência, onde já fez mais de 15 mil atendimentos.
Também estiveram presentes o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, o chefe do Estado Maior da PM, coronel Álvaro Garcia, e o comandante do 1º Comando de Policiamento de Área, coronel Paulo Augusto Mouzinho, e o imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), Murilo Melo Filho, entre outros convidados.

Fonte: Notícias do Governo do Estado do Rio de Janeiro
 Por: Guedes de Freitas

Um comentário:

  1. Denise, parabém por ter replicado esse fato interessante no Morro Azul, Flamengo, RJ, em 2011, que já vai longe: implantação da "pacificação" no Morro Azul. Hoje, essa comunidade de vanguarda, encravada entre o Pão de Açúcar e o Corcovado, dentro do seu Plano de Desenvolvimento Local (PDLMA), com o abrandamento da pandemia, espera fortalecer seu projeto turístico social Morro Azul de Portas Abertas, onde o visitante se diverte conhecendo a luta inclusiva dos habitantes do local, que entendem favela, não como sinônimo de criminalidade, mas sim, como força socieconômica artística cultural em movimento numa cidade criativa que é a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Olhemos para os favelados com sentimento de Brasil que para alcançar real desenvolvimento, precisa investir pesados nos valores locais. Venha nos conhecer!
    https://pt.wikipedia.org/wiki/Morro_Azul

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